quarta-feira, 3 de março de 2010

O último que apague a luz e feche a porta!...

Reformado da função pública, com quinze anos de ensino, pergunto-me: que se passa com a consciência humana? Que se passa com a verdade e a honestidade ideológica? Que pretendem os movimentos sindacalistas e os partidos aliados a uma informação que prioriza a pretensa liberdade de expressão a todo o custo e à custa de verdades mais ou menos dúbias (?!). E aí vamos nós!
Recentemente surpreendi-me quando se dava um realce extraordinário ao facto de os trabalhadores dos impostos decidirem encerrar os computadores no final do expediente, como forma de greve. Desde que se trabalhe assíduamente dentro do horário certamente que não haveria necessidade das horas extra. É contra a lei. Fala-vos a experiência: meias horas e mais de pequeno almoço e lanche, lentidão no “arranque” do trabalho produtivo, chistes e dichotes a miúde, tudo isto justificado “moralmente” porque podem ficar até mais tarde. Até porque em alguns casos isso é cómodo. Sim, e o atendimento ao público? Os “Chefes” que organizem a distribuição das tarefas de uma forma coerente. Haja Chefes!
Assisti a este cenário ao longo da minha vida profissional e nem sempre tive o dinamismo suficiente para o conseguir ultrapassar quer pelas limitações (a vários níveis) de alguns funcionários, quer pela aplicação do princípio de Peter. E o vício natural de então era “pedir” mais funcionários, no fundo para proteger a incompetência e inoperância de uns tantos, e a inépcia de uma apreciável quantidade de pessoas cuja consciência profissional era e é, em alguns casos, uma “batata”.
A greve deve começar por cada um de nós. Greve ao “modismo” do deixa-andar potenciado pelos órgãos de informação ao lado dos partidos em busca do poder, e dos sindicatos que também assim vão protegendo a sua função e vocação há muito esvaziada de objectivos e sentido. Estamos num país do faz-se-conta. - Será? Ou caminhamos alegremente para a festa da anarquia, do vasio ideológico, do deixa-andar!...
O último que apague a luz e feche a porta!
Yves Senior

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Um novo paradigma económico?

O que se poderia entender por mercado externo deixou de o ser uma vêz que estamos inseridos na Europa e o mercado globalizou-se. Então temos necessidade absoluta de rever o nosso conceito de mercado, modificar a nossa forma de encarar a economia do país.
O conceito de moeda única, a paridade ( ou disparidade) para com o dólar, por mais que queiramos dizer que não... E afinal porque chegámos a esta “crise” mundial. Embora menos mundial para alguns paises fora da zona euro?...
Queremos uma nova ordem mundial assente numa economia keynesiana, em conceitos sociais e políticos fora da nova realidade, ainda decalcados sobre a ordem e a democracia clássicas. O que é que nos resta? - A curto prazo uma crise económica cada vez mais descontrolada. E a médio prazo o caos económico e a anarquia política. Poquê? – Porque a força dos partidos, a estratégia demagógica aliada a uma informação que caminha em roda livre agarrada à máxima da liberdade de imprensa, e o conceito de que o poder político é o objectivo imediato e mais importante a alcançar, levam a que não haja neste momento qualquer hipótese de controle por um “provedor” da economia mundial. - Uma polícia económica de cariz global... Os impostos têm de ser encarados noutra perspectiva. A economia regional (!?), e penso na Europa que, para já, tem de ser equacionada não na perspectiva dos paises mas de uma plataforma de entendimento futuro, de segurança e provisão, que defenda o bem estar das pessoas.
Todos falamos na globalização mas as empresas continuam a formar-se assentes no individualismo do país-providência.
Falamos de milhões nos orçamentos para defender um poder político local e uma economia efémera para um ano e não para enfrentear uma reestruturação económica europeia, se é que já podemos pensar que algo existe nessa perspectiva...
O Liberalismo económico data do sec XVIII. E apesar de recente, que força tem ele nesta globalização?! É necessário um marcado suficiente para todos. Lipovetsky aqui falaria da hipermodernidade. Mas creio que já nem se trata de modernidade. Mas sim realidade nua e crua de uma salto no vasio para o qual não nos conseguimos preparar nem temos consciência de como o fazer porque os partidos vivem agarrados às velhas máximas da luta política.
Que voltem os pensadores e os filósofos, os economistas conscientes do futuro! Porque a nova ordem mundial está aí! A curto prazo, a paz, não sei se estará.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Intervenção na Assembleia da Junta de Freguesia de Oiã, 29 de Setembro de 2009 ( Representante do PS)

Gostaria de efectuar uma pequena interevenção nesta sessão final deste mandato nesta Assembleia da Junta de Freguesia de Oiã.
Estranhei que se tenha marcado esta Assembleia já para o período eleitoral embora não veja qualquer inconveniente nisso. E sendo a última assembleia creio ser oportuno efectuar um balanço sobre a actividade desenvolvida.
É do conhecimento geral que me tenho manifestado desde o início contra a inércia e o reduzido dinamismo na acção deste executivo, o que se veio também a reflectir na ineficácia desta Assembleia em poder interferir nesse "marasmo" e nesse deixa andar... (Estou de acordo em que se tenham revelado contra a utilização do termo marasmo. Era provocatório...)
Se olharmos para trás e procurarmos aspectos marcantes e positivos da acção do executivo da Junta pouco teremos a salientar, nomeadamente quanto ao desenvolvimento da população e das estruturas sócio educacionais, económicas e culturais.
De louvar a actividade desenvolvida nas comemorações do Anversário da Vila.
Os argumentos desta ineficácia já os conhecemos. As maiorias nem sempre são as melhores conselheiras quer da gestão autárquica quer da gestão nacional.
Não sei se todos temos a noção de que podíamos ter feito muito mais para bem da Freguesia. De imediato pensaria na dinamização e arranjo da Zona Industrial, senão directamente, efectuando demarches sérias para que alguma coisa fosse feita a nível de arranjos envolventes, serviços de apoio social, etc. Na dinamização de mais áreas para diversão dos jovens, no controle e dinamização da acção das associações – quem dá deve conferir onde são gastos os parcos subsídios.
Sim, deixamos obra (a quem eu já ouvi dizer isto?...) Mesmo não tendo sido a favor de tão grandes investimentos a nível da nova sede da Junta de Freguesia e a nível do Concelho noutras áreas, a verdade é que as novas instalações aí estão e há que pensar no seu aproveitamento e dinamização pois a manutenção do complexo não vai ser pera doce para o novo executivo... Temos que ultrapassar os relatórios repetitivos e enfadonhos da actividade da Junta nos períodos entre Assembleias. Temos que dar a estas Assembleias um cunho mais sério de órgão deliberativo e consultivo do executivo da Junta.
E deixo no ar as preocupações que coloquei no início do meu mandato nesta Assembleia: Qual deve ser efectivamente a função das Juntas de Freguesia? (Pelo país fora vemos muitas tão dinâmicas...)
E qual deverá ser a função desta Assembleia nas suas sessões ordinárias?
Será uma boa altura reflectir sobre o assunto no início da próxima legislatura. Não sei se continuarei no próximo mandato, vou lutar por isso pois creio que a minha experiência, conhecimentos e dinamismo podem contribuir para renovar a acção deste órgão autárquico. Apesar de tudo poderia ter feito mais? Lutado mais pelas minhas ideias? – podia e devia certamente. Mas ás vezes sentimos que entramos num folclore político que só desgasta a actividade democrática e descredibiliza as pessoas. E também sentimos isso em várias sessões desta Assembleia.
Meus amigos, que a prática democrática possa contribuir para um maior desenvolvimento e progresso para a nossa sociedade, quer na Freguesia quer no Concelho!
Obrigado!

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Será menino ou menina? - Será o que nós quisermos!

Aos casais de hoje, os casais de amanhã

A humanidade, feita “à imagem do Criador”, começou naturalmente com um casal – Homem e Mulher. E tendencialmente, o amor entre sexos opostos, visa o acasalamento e a procriação. Isto na perspectiva animal. No entanto ao homem foi dada a possibilidade de utilizar o sexo para “outras coisas”. Querem que eu diga? Aí vai: Para prazer dos intervenientes ou até de quem assiste... e muitas vezes paga para isso; Para vender ou para comprar; Por simples passa – tempo (... já que não há mais nada para fazer...). Enfim. A verdadeira finalidade do amor e do acasalamento nunca deixará de ser a de ter filhos, de dar continuidade à família. E nessa perspectiva é natural que, até para equilíbrio da natureza, os casais se preocupem em ter, ou gostassem de ter, um menino e uma menina pelo menos. Talvez os maridos gostem mais de ter meninos para irem com eles à bola, mas as esposas gostam de ter meninas, por uma questão de proximidade, de maior companhia, carinho, etc.
Duma forma geral, no entanto, colocam essa definição do sexo dos filhos “nas mãos do Criador”. E na sua maior parte nem sequer se preocupam objectivamente com o assunto. Uns têm duas e três filhas e “param”, outros têm quatro ou cinco filhos, à procura da menina, e desistem. O planeamento familiar é sempre um processo muito elástico e pouco exigente.
Ora ao longo dos tempos têm havido algumas preocupações com esta “definição” do sexo dos filhos. A Ciência, para lá da explicação directa do acto da gestação, pouco se tem preocupado com o estudo deste assunto. E alguns intervenientes têm apresentado argumentos mais ou menos apoiados em várias constatações. Mas o facto de o sexo ter sempre constituído um tabu, em especial ao longo da história moderna, nunca permitiu que este assunto fosse ventilado duma forma mais efectiva para que cada um de nós pensasse no assunto e fosse levado até a efectuar algumas experiências no sentido de comprovar algumas sugestões.

Será menino ou menina? - Será o que nós quisermos!

Um amigo nosso levou essa preocupação a sério. Ao deparar com as notícias relativas ao controle da natalidade, em especial, nas sociedades em que se “limitava” o nascimento aos “varões”, (China, Índia, etc) foi efectuando uma progressiva e naturalmente delicada investigação sobre o assunto junto dos casais que ou só tinham meninos ou só tinham meninas. E foi chegando a conclusões que apresenta como definitivas e que quer levar ao conhecimento do maior número possível de casais. Ele próprio refere que, por exemplo, Obama certamente que estará interessado nestas suas conclusões, bem como outros notáveis, que pelos vistos não “conseguiram” uma família mais equilibrada - passe o termo – porque talvez nunca reflectiram ou foram levados a pensar sobre o assunto. Nem se preocuparam certamente com isso.
Mas a sugestão aqui fica. Não tem bases científicas imediatas, mas merece-nos o respeito que se deve a quem se preocupa com o equilíbrio familiar e com a alegria de ter um lar com meninos e meninas. Talvez até este equilíbrio possa dinamizar uma relação amorosa mais eficaz no que toca ao aumento da natalidade.
A iniciativa do acto sexual poderá e deverá ser de qualquer um dos elementos do casal. Não fica, e que isto seja bem vincado, não fica nada mal à mulher tomar a iniciativa e definir as condições do acto sexual. Não há igualdade de direitos e obrigações?!... E o homem não tem que ser o “macho” dominante a definir essas “condições”. É algo a dois. E visando a procriação então dir-se-ia que é uma acto a três. Na verdade o que diz a ciência? - Quem determina o sexo do filho é o homem, pois, possui cromossomas diferentes X e Y e a mulher só pode entrar com o X. Mas quem passa de facto o material genético ligado ao sexo do "filho homem" é a mãe através do cromossoma X. Se der XX = filha e XY= filho.
Ora quando o homem é o que mais se afirma no acto sexual, e a mulher tem uma participação menos activa, então poderá haver uma tendência a gerar meninas.
Quando, pelo contrário, o homem é mais reservado e paciente, e espera que a mulher seja a “desafiante”, e a sua participação espera pelo prazer da mulher, então haverá tendência para a gestação de meninos. “O que por último for o interventor tem sérias probabilidades de definir o sexo da criança. O último no acto será o reproduzido”. E quanto aos gémios? – É uma abordagem que se poderá fazer mais tarde.
A sugestão aqui fica. Verifiquem-na pelas vossas próprias experiências e difundam-na. Talvez assim possamos assistir a uma maior alegria no seio das famílias, e acabar com o tabu que existe ao abordarmos este tema da sexualidade do casal.

Grangeia Seabra

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Que podemos nós fazer...

Que podemos nós fazer perante a situação do país e do mundo, que se advinha cada vez mais complexa e difícil de ultrapassar? Na área económica não se vislumbra qualquer solução a curto, médio ou longo prazo. Estas injecções de €s parecem de água destilada, poois mais se assemelham a um paliativo para aguentar a situação até às eleições. Quem garante que o dinheiro investido nos bancos e nas empresas vai ser aproveitado para resolver a “crise”, ou se os bancos e as empresas abrangidas são as que podem fazer a diferença no panorama económico do País, ou se têm capacidade para gerir o investimento do estado e gerar a necessária transformação económica?
Só incógnitas. As únicas certezas é que já não acreditamos em nada que possa salvar validamente este país, na área económica, admitindo mesmo que a Europa e a América estão nas mesmas condições...
Vai ser necessário muita coragem. Sem querer endeuzar o Obama, a verdade é que ele fez apelo ao trabalho e à dedicação e entrega como “antigamente”. E isso parece pressupor muito trabalho, trabalho menos remunerado, menos lucros e mais produção. Mas o consumo deve continuar a existir, ainda que racionalizado. Pois sem consumo não é necessária a produção e sem produção as empresas encerram, e sem empresas não há economia que valha, e aos economistas só resta a agricultura...
Mas nós, aqui no nosso rincón, na nossa área, que podemos nós fazer? Continuar à espera que o governo resolva os nossos problemas? Como?
Pensemos um pouco. A partidarização dos problemas e a proximidade das eleições estão a transformar a análise da situação num ramalhete de babuseiras que não leva a nada de concreto. Só nos afunda mais na m.. E se não for cada um de nós e todos juntos a encontrarmos o verdadeiro caminho para passar esta crise da forma mais eficiente, até que a situação esteja mais clara, não é o governo nem são os partidos que nos veem salvar.
A nossa realidade é que se quisermos produzimos produtos agrícolas. Como fazê-lo tirando o máximo proveito disso?
Claro que gostaríamos de ter visto a Cooperativa de Oliveira do Bairro, uma das maiores empresas do país, a renovar-se e a enfrentar com dinamismo esta situação. Mas não. Como estava (até quando?) é que está bem. E “aqui d’El-Rei” porque houve alguém que nas últimas eleições se propôs abanar o satus quo da referida empresa?!... Não será que produzindo bem o que produzimos podemos, pelo menos, a exemplo de algumas experiências na área, continuar a colocar no País e na Europa os nossos produtos? Poderemos ter menos lucro, e os nossos “possíveis” ordenados reduzidos, mas enfrentaremos a situação para a ultrapassar e despertaremos certamente outras empresas, e inventaremos outras soluções. Estaremos a contribuir para, pelo menos a nossa região, não perder o nome e a dignidade de área demarcada. Sim, podemos produzir vinho, milho, batata, e outros produtos agrícolas. Não, não me venham, nesta altura, com as desculpas das quotas e eu sei lá quê?!... De problemas estamos nós cheios. É necessário é encontrar soluções. E se mais não fizermos ao menos ... estamos ocupados com coisas úteis.
Porque não se reunem as várias cooperativas e empresas da região na discussão dos problemas? Estão à espera de que o PM Sócrates venha dizer-nos o que fazer? Ou também vmos pedir uma “injecção” de dinheiro em cada agricultor.
Neste aspecto o Presidente Obama parece ter dado o mote: – Trabalho. Criar soluções.
Injectar dinheiro poderá ser uma panaceia para evitar a “banca rota” e salvar alguns investimentos dos principais detentores da riquesa. Mas nós não estamos nesse grupo. E acho que não devemos ficar à espera de Goudot...

sábado, 6 de outubro de 2007

CARTA ABERTA

Senhor Presidente da Assembleia da Junta de Ftreguesia de Oiã
Senhor Presidente da Junta de Freguesia de Oiã
(Para conhecimento: Dignissimo Presidente da Câmara)
Na qualidade de membro da Assembleia da Junta de Freguesia de Oiã, Joaquim Alberto Grangeia Seabra, vem, junto de V. Exas, expor o seguinte:

Verifiquei, e certamente os presentes também, após a última Assembleia da Junta, que o papel da Junta de Freguesia e, consequentemente da sua Assembleia, está reduzido à expressão mínima de ter de cumprir calendário de reuniões.
Foi “cumesinha” a Ordem de Trabalhos, repetitiva, inconsequente e minimalista a “Informação da actividade da Junta”, e, enfim, deplorável a ausência de vários membros da Assembleia.
Claro que ao estar lá, tenho sido conivente com este arrastar de mediocridade, com este assumir do “princípio de de Peter” – atingir o máximo da nossa incompetência. E nada nos faz prever qualquer alteração da situação a curto prazo.
E nem algumas discussões, repetitivas e enfadonhas, sobre facturas e aquisições, - matéria que só poderá ser resolvida com uma auditoria – transformaram o desenrolar das Assembleias.
É notória a necessidade de repensar a organização e dinamização da Junta de Freguesia de Oiã, e, provavelmente, de outras no nosso Concelho. E a nível de País talvez essa situação surja com maior acuidade do que pensamos.
E mais quando vemos, a curto prazo, a passagem da gestão do pessoal das escolas para as Autarquias e os apelos do Senhor Presidente da República a que estas sejam mais colaborantes e interventivas na dinamização da vida escolar.
As Juntas de Freguesia serão certamente mandatadas pela Câmara para a realização de uma determinada gama de tarefas junto das Escolas, por uma questão de proximidade e porque não vemos a Câmara a avocar a gestão total – a ver vamos – do pessoal das escolas.
De acordo com a legislação, e como os colaboradores da Junta gostam de afirmar, as suas competências são muito limitadas. Mas a legislação também afirma, por exemplo :
“l) Apoiar ou comparticipar, pelos meios adequados, no apoio a actividades de interesse da freguesia, de natureza social, cultural, educativa, desportiva, recreativa ou outra;”
“n) Prestar a outras entidades públicas toda a colaboração que lhe for solicitada, designadamente em matéria de estatística, desenvolvimento, educação, saúde, acção social, cultura e, em geral, em tudo quanto respeite ao bem-estar das populações;”
E é caso para perguntar se há efectivamente da parte do executivo da Junta uma preocupação clara com o desenvolvimento sócio educacional e cultural da população (por mais amplo que o termo possa ser). Será demais perguntar, e mais uma vez, porque já o fiz em outras alturas, se as Juntas são só um mero órgão gestor da limpesa das estradas, caminhos e fontes, e dos cemitérios, um serviço administrativo para cobrança de licenças, taxas, passagem de certidões, etc.?
Procuro sempre respeitar quem trabalha e sei bem que quem está na Junta está lá por dedicação, gratuitamente (excepto o presidente, os funcionários e os “deputados” aquando das Assembleias), e que tem de abdicar dos seus tempos livres para efectuar muitas das tarefas. Mas creio que há necessidade absoluta de revermos a foma como encaramos as actividades da Junta, como definimos e assumimos as suas competências, como preparamos as Assembleias.
Propomos um debate alargado sobre a Freguesia de Oiã, nas suas estruturas sócio – económicas, culturais e educacionais, na sua organização administrativa como a Autarquia que gere a maior Freguesia do Concelho, as características das suas populações e a sua participação cívica e política no movimento associativo e nos órgãos autárquicos. Um debate alargado que redinamize a vida social e política da Freguesia, que lhe dê uma nova dinâmica, que a retire deste marasmo avassalador a que parece que estamos votados.
É que vêm aí grandes mudanças e uma casa nova!
(A adjectivação do texto foi intencional)

sábado, 7 de julho de 2007

A angústia do tempo que passa

I
Do passado, do presente e do futuro. As incertezas do corpo que se ama, do carinho que se deseja, do amor que se esbanja. Uma vida de família que se constrói, que se consolida ou se desvincula, que se amplia, se engrandece ou se vai desvanecendo.
A tua vida terá sido algo de diferente de muitas outras pessoas.
Muitos de teus anseios terão sido desenvolvidos através de uma infância, ainda que aparentemente cheia, plena de evasivas, de insatisfação, de invejas inconscientes e inconsequentes. Muitos dos teus sentimentos mais naturais terão estiolado antes de se manifestarem. Muitos de teus vazios terão sido preenchidos com as vivências dos outros, com o amor vivido por outros, que não sentido e vivido por ti. Talvez não ames verdadeiramente ninguém. E, no entanto, acreditas no teu pretenso amor ... mas pelo amor dos outros. Talvez mesmo tivesses desenvolvido uma espécie de anticorpos sentimentais face aos sentimentos que os que te foram rodeando ao longo da vida te dedicaram. E incluso o desejo do amor físico e as primeiras experiências tenham sido uma violentação procurada deliberadamente. Não com o intuito da procura e da entrega ao amor, mas antes com o intuito de o usares porque tinhas direito a ele.
Habituaste-te a servir-te do mundo e das pessoas. E na verdade nunca traçaste verdadeiros objectivos para a tua vida, em todos os sentidos.
Uma mãe autoritária a quem não terás reconhecido o direito de substituir o pai perdido, aliado a uma vida que cedo quiseste auto-suficiente, terão determinado uma conduta autónoma, afirmada por um carácter extrovertido que não representava, no entanto, nem espontaneidade nem confiança absoluta em quem te quisesse amar.
Agrestes foram sendo teus sentimentos. Sem entrega total. E a tua vida, aquilo que afinal consideras a tua verdadeira vida, parece ter ficado no passado de uma juventude em que, por isso mesmo, não implicava decisões, tomadas de posição, responsabilidade, perante ti mesma e perante os teus familiares e amigos. Tudo se passou afinal duma forma simples, imediata. E chegada a uma idade avançada, ao olhares para trás, tens a sensação de que afinal nunca viveste em pleno. Foste sempre uma infeliz porque ninguém se preocupou verdadeiramente contigo. Mas será que te entregaste o suficiente a alguém, de coração aberto, para que esse alguém te possa ter assumido e ser assumido por ti? Será que alguma vez amaste de verdade alguém ou alguma coisa? Será que alguma vez definiste objectivos concretos para a tua própria vida? .
Para ti, amiga, a vida não deve ter sido fácil. Acredito. E agora é certamente tarde para voltar atrás ou para corrigir o que quer que seja.
Sempre te quis compreender. Talvez sempre te tivesse querido ajudar. Mas estou em crer que, talvez inconscientemente, é verdade, tu nunca tivesses admitido a ajuda de ninguém. Quando tu mais precisavas não tiveste lá ninguém ... Nem a tua família mais próxima. E depois, mais tarde, foste couraçando teus sentimentos. Incluso o desejo de prazer ter-se-á confundido com algo, senão proibido, pelo menos muito longínquo e pouco acessível. Por isso ainda agora a tua entrega, a tua amizade, o teu amor tem de ser procurado e proporcionado ou promovido pelos que te rodeiam. Chegas a dar-te duma forma real, mas para isso tem de ser outrem a construir o que deveria ser a tua entrega. Tem que elaborar e fazer desabrochar o teu amor ou a tua amizade. São os outros que têm de mendigar o teu carinho. Ser amigo ou amar alguém é para ti uma condescendência. Dito por outras palavras: Amar não é para ti querer o bem-estar do outro, mas sim o teu bem-estar. A amizade não é um sentimento teu para com alguém mas um sentimento de alguém para contigo. Claro que apesar de estar a comentar o teu comportamento não quer dizer que ele seja teu monopólio.. Afinal quantos de nós não amam os outros só enquanto eles podem retribuir esse amor. A amizade resulta interesseira e o amor, levado ao seu extremo, um erro com consequências nefastas. Mas deixa que te diga que gosto de ti, apesar de tudo. Como justificaria o ter vivido tantos anos a teu lado, Sofridos, muito sofridos podes crer, mas com bastantes momentos de alegria. O quadro psicológico. que procurei elaborar permitiu-me compreender a frigidez, a tua reduzida motivação para o prazer. Ou antes. Só muito esporadicamente tomavas a iniciativa dos jogos do amor, e fazia-lo quase a medo. Mas num casal não está determinado de forma alguma quem deve tomar a iniciativa. Talvez fosse fruto de uma educação, ou da interpretação de um processo educacional que afinal não existiu duma forma natural. Habituaram-te a repudiar as mulheres daquela rua que ali estavam á disposição dos soldados. Não chegaste sequer a ter tempo de te aperceberes, ainda que ás escondidas, dos momentos de amor de teus pais. E depois teus colegas permitiam-se, e mais do que se permitiam vangloriavam-se de comportamentos nessa área que não correspondiam á realidade.
O que terás aprendido sobre teu corpo e sobre sexo terá sido através do que ouvias, e das colecções de fotografias e revistas pornográficas que, apesar do cuidado de teus colegas em não te mostrarem por te acharem pouco crescida para aqueles assuntos, te achaste no direito de apreciar. O sexo terá assim tido para ti uma conotação meio duvidosa no que toca a sentimentos, afectos e carinhos. Terá estado mais provavelmente ligado a determinados actos apressados no vão de uma escada ou no elevador. Determinadas acções ou posições despidas de entrega de corpo e alma, de abandono ás carícias, ao prazer assumido e mutuamente consentido. Tua própria sensibilidade terá sido coarctada nessa área por falta de um aprendizado de contactos, pele com pele, apalpar, beijar, sentir no momento próprio, ir aprendendo a vibrar, a ser afecto a ser corpo sensível com vontade de prazer, de carinho, de orgasmo. Depois, quando te encontrei, já a culpa será minha em não ter conseguido proporcionar-te um desenvolvimento mais eficaz desses teus sentimentos inacabados, incompletos. Em também ter tido receio de melindrar essa tua vergonha, esse teu insatisfeito corpo, essa falha de maturação sensorial ou inacabado desenvolvimento da sensualidade. E hoje talvez me apetecesse chorar contigo quando não te compreendem e se negam a aceitar as consequências dessa realidade.
Podemos sentir-nos realizados. Uma família. Uma educação honesta dos filhos. O seu respeito a sua amizade e compreensão. Mas tu nunca te sentiste realizada. Sei-o por ti.. Nunca te entregaste totalmente a nada nem a ninguém. Nunca quiseste definir para ti mesma o que pretendias da vida. E quando não se têm objectivos nada do que se alcance tem verdadeiro sentido. Estaremos sempre insatisfeitos. Nunca nos sentiremos realizados, é verdade. Essa é certamente a condição do próprio ser humano!... Mas nós estamos lá para vivermos essa busca. Ainda hoje sonhas uma juventude de que na altura te julgavas eterna dona, de uma vida independente, inconsequente e irresponsável, onde tudo parecia controlado ou consideravas tudo controlar. Só que a vida pregou-te uma partida. Ou não pregou e tu é que quiseste dispor dela, da vida, conforme achavas ser teu direito...

II
Deparei contigo, casualmente, naquele Encontro. O teu cabelo comprido, a barba, o ar longínquo. Não sei bem porquê começámos por nos telefonar. Longas conversas que se tornaram motivo de pequenas piadas lá em casa. Pedias-me para te resolver alguns problemas como comprar-te este ou aquele objecto pessoal que te entregava quando nos encontrávamos no teu apartamento. Depois foste almoçar lá a casa, "apresentei-te" á família num ambiente algo tenso mas logo te aceitaram. Fomos juntos a várias festas. Dançámos, rebolámo-nos, á noite, na areia da praia deserta, à luz da lua. Amámo-nos e casámo-nos.
E á tarde uma festa simples. Fomos viver para o teu apartamento, dois quartos e uma sala, com um simples colchão na alcatifa a servir de cama. E começámos a viver certinho. Quem diria que a poucos meses de te conhecer, já estava casada. Sentia-me feliz. Empregos suficientes e minimamente seguros. Mas sempre quis muito mais. Sempre achei que tinha direito a muito mais.
Não sei. Nem sempre era fácil entregar-me ao amor. E gostava de fazer amor contigo. Mas tinhas qualquer coisa de misterioso, de inexplicável. Uma forma de estares na vida que não me parecia totalmente transparente. Admirava-te. Os teus conhecimentos, o teu autodomínio, a tua presença sempre tão respeitada pelos outros, quase receosos de que lhes pudesses desmascarar a. incompetência, as limitações culturais e intelectuais. Dominavas a palavra e eu admirava-te. Mas talvez por isso mesmo, não queria reconhecer essa tua superioridade e fui-me couraçando, mesmo ferindo-te - hoje reconheço-o - para me defender.
Fui procurando avassalar-te com a minha presença. Queria-te perto de mim pois tinha receio de te perder. E não era difícil com tantas amizades à tua volta, com tanta mulher que também te admirava e provavelmente também te desejava.
Nunca cheguei a saber se depois de casado te entregaste a alguma delas. E ficava fula quando me dizias que se acontecesse fazeres amor com certas mulheres tuas amigas não me estarias a ser infiel. Porque algumas eram especiais e a "dádiva dos corpos" ás vezes é o prolongamento natural de um momento muito forte de "simbiose afectiva". Ainda hoje creio que nunca o tenhas feito, ou quero acreditar que assim tenha sido.
(Extracto adaptado pelo autor do seu livro "Abisag, @ sunamita”)
Yves Junior